Estamos juntos por si…
Estamos juntos…
Estamos…
Estando…

Estando… há 20 anos a acompanhar percursos em terrenos férteis, áridos e inóspitos, em busca de oásis – a que a Dra. Rosa Basto tão brilhantemente denominou de “diamantes” – qual passeio de crianças a um alto de montanha… ora à frente iluminando com candeia… ora atrás amparando as quedas… ora lado a lado, embevecida pelos insights e elaborações de QUEM é o centro da caminhada…

Simplesmente estando, sessão a sessão – parafraseando A. Bion, D.Winnicott, M. Balint ou Bolwby - “sem memória e sem desejo”, disponibilizando um imenso colo de “Reverie” e “Continente”, sonhando o in-pensável, ou in-elaborável, sondando ou tocando o in-tocável, cerzindo “Falhas Básicas”, reparando Vinculações… ou, simplesmente estando, em relação, co-(e)laborando para que do encontro de dois nasça um “terceiro” - um novo pensamento -, construindo pontes e unificando núcleos do psiquismo/mente humana – numa atitude de profunda humildade e respeito -… simplesmente estando e entendendo, energeticamente, a ligação ao Todo… e numa certeza inabalável de que este percurso é feito de dentro para fora… daquele que está ali à minha frente, no seu ser, nos seus arquivos, na sua essência, no seu imensurável potencial e sabedoria que permite a descoberta do caminho…

Procurando estar numa postura de “escuta atenta”, de “curiosidade de primeira vez”, de “prestar verdadeiramente atenção”… Sendo que isso implica um modo particular de “estar em relação”, de saber pousar, sobre o outro, um certo olhar… um olhar atento. Diria, complementando com um pensamento de S. Weil, que este olhar, é uma atenção intensa e sem fadiga, em que “a alma se esvazia de todo o conteúdo próprio para receber nela mesma o ser que olha tal como ele é, em toda a sua verdade… e que permite ir para além das “Máscaras” ao encontro da Essência”… É ainda esse olhar que se torna num “dar e receber”, pois “todas as vezes que prestamos verdadeiramente atenção destruímos mal em nós…” (S. Weil in À espera de Deus)

Estando imensamente grata a todos os que – confiando o mais íntimo de Si Mesmo ao meu “saber saber, saber fazer e saber estar” – me têm conferido o papel de arqueóloga, escavando, abrindo caminho, em busca de tesouros escondidos, ou como, com tanta subtileza refere a Dra. Rosa Basto, o papel de “lapidadora de diamantes”.

Simplesmente estando, por inteiro, nesta missão de terapeuta, recordando, com simplicidade que ser terapeuta é, antes de mais, “um compromisso da alma que já viveu muito, aprendeu muito, recebeu muito e agora é a sua vez de dar, transmitir e servir”. Estando, momento a momento, focada nesta missão e certa de que, – usando as palavras de um homem por quem tenho particular apreço, “não me resigno a que quando eu morrer o mundo continue como se eu não tivesse vivido” (Pedro Arrupe).

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