As narrativas internas que o Natal reativa sem pedir permissão

Clínica Dra. Rosa Basto - Psicologia e Hipnoterapia | As narrativas internas que o Natal reativa sem pedir permissão

O Natal leva-nos de volta às histórias que habitam em nós. Às famílias, às tradições, aos rituais e, sobretudo, às narrativas antigas, aquelas que herdámos ou que fomos construindo ao longo da vida. São memórias que funcionam como âncoras emocionais e identitárias, algumas atravessam gerações, outras nascem de experiências pessoais.


Nesta época, essas histórias tornam-se mais vivas, moldando não apenas a forma como sentimos esta quadra, mas também a forma como nos compreendemos. O Natal, pela sua força simbólica e emocional, é sempre uma época que nos chama para dentro.

O regresso às narrativas antigas não tem de ser apenas um exercício nostálgico, pode ser um movimento que potencia o autoconhecimento. As tradições natalícias despertam memórias: algumas calorosas, outras dolorosas. Talvez por isso tantas pessoas vivam esta época com ambivalência: “O Natal ilumina, mas também faz sombra”. E é nas sombras que, muitas vezes, reencontramos histórias internas que precisam de ser revisitadas, aceites, ressignificadas e, por fim, libertadas.

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Em psicologia clínica, compreendemos que estas narrativas funcionam como estruturas organizadoras da identidade. A construção do “eu” não depende apenas dos acontecimentos vividos, mas da interpretação e significado que lhes atribuímos ao longo do tempo. Quando convidamos o paciente a olhar para as suas narrativas internas, abrimos espaço para reconhecer padrões, compreender dores que não começaram nele e identificar narrativas transgeracionais que carregam expectativas sobre quem “devemos ser” ou como “devemos sentir”.

A construção do “eu” não depende apenas dos acontecimentos vividos, mas da interpretação e significado que lhes atribuímos ao longo do tempo.

O Natal, enquanto símbolo de renascimento, recorda-nos que qualquer história pode ser ressignificada, não no sentido de negar o passado, mas de o integrar com novos significados. É nesse movimento que reside um dos pilares do crescimento emocional.

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Neste processo, descobrimos que o cuidado não é apenas um gesto dirigido ao outro, é também um movimento interno. Cuidar de nós implica escutar o que dói, reconhecer o que ficou por dizer e abraçar o que ainda pede atenção.

Ser cuidado significa permitir que alguém nos acompanhe nesse caminho com respeito, profundidade e presença. Quando revisitamos as narrativas antigas com este olhar, tornamo-nos capazes de fazer escolhas conscientes que estão dentro do nosso “arquivo emocional”. Há histórias que precisam de ser honradas, outras reescritas, e outras ainda que, quando aceites e compreendidas, podem finalmente ser deixadas ir. É nesse ato de escolha interna que nasce a possibilidade de reconciliação consigo mesmo.

Cuidar de nós implica escutar o que dói, reconhecer o que ficou por dizer e abraçar o que ainda pede atenção.

Neste Natal, talvez possamos olhar para as nossas narrativas antigas com curiosidade e humanidade, e perguntar-nos:

  • Que narrativas continuam a habitar em mim?
  • Quais ainda fazem sentido?
  • Quais merecem ser revisitadas?
  • Quais estão prontas para ser deixadas para trás?

Porque, ao fazermos estas perguntas, não regressamos apenas ao passado, construímos o futuro emocional que desejamos.

O Natal não é apenas sobre o que celebramos, mas sobre a forma como nos encontramos connosco através das narrativas antigas que carregamos e das narrativas que decidimos continuar a escrever.

Neste Natal, deixo-lhe um convite: “Volte às suas narrativas antigas com a delicadeza de quem segura algo valioso, mas frágil. Observe-as com compaixão e escolha aquilo que deseja continuar a escrever na narrativa da sua vida.”

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