O custo emocional de quem está sempre disponível
“Quando tentas ser tudo para todos, acabas por não ser nada para ti.”
Brené Brown
Oh oh oh o outro lado da ceia de Natal…
Existe um lado do Natal que raramente se mostra. Não falo de luzes, nem de mesas cheias. Falo do desgaste silencioso de quem passa o ano inteiro a segurar o que pode, e quando chega dezembro continua a dar e dar e ainda dar… mesmo quando já não tem mais para oferecer. E não falo de prendas de Natal…óbvio.
Falo do desgaste silencioso de quem passa o ano inteiro a segurar o que pode, e quando chega dezembro continua a dar e dar e ainda dar…
O cansaço de quem dá demasiado no Natal não nasce apenas desta época. É um padrão que se repete ao longo da vida. Pessoas que aprenderam cedo a ser o suporte, o ponto de equilíbrio, o que resolve, o que acalma, o que antecipa. São aqueles que chegam às festas com um sorriso impecável, e carregam nos ombros a exaustão de uma responsabilidade emocional que nunca pediram, e sempre assumiram.
Nesta altura, a cultura do “tem de ser um momento bonito” amplifica a pressão, a exigência. A expectativa social mistura-se com o peso interno de corresponder, ajudar, organizar e acolher as emoções de toda a gente. O resultado é um Natal vivido mais como tarefa do que como presença, cumprir assim, uma etiqueta social, cultural (e está claro, necessária).
E a verdade clínica é simples, o corpo não sabe mentir. Quando a mente insiste em ultrapassar limites, o sistema nervoso responde com fadiga, irritabilidade subtil, tensão muscular, insónia ou aquela sensação vaga de que algo falta, mesmo quando está tudo “como deve ser”.
Não se trata de falta de espírito natalício. Trata-se de fronteiras emocionais que nunca foram ensinadas. Quem dá demasiado costuma temer dececionar. O coração diz “chega”, e a culpa diz “continua”. E, neste conflito, muitos confundem generosidade com autoabandono.
Quem dá demasiado costuma temer dececionar. O coração diz “chega”, e a culpa diz “continua”…
A reflexão terapêutica que este tema pede é profunda…
Dar não é um ato de grandeza quando custa a paz interna. Dar com presença é diferente de dar com exaustão. O cuidado genuíno nasce quando oferecemos o que é nosso sem levar o que é dos outros.
Este Natal pode ser um convite silencioso para um outro tipo de gesto de “cuidar de si com a mesma dedicação com que sempre cuidou dos outros”, grande mantra nao é? Reconhecer que o descanso é um direito, não uma recompensa. E permitir que o coração receba antes de voltar a dar.
Porque, às vezes, a maior forma de amor não é oferecer mais… é permitir-se existir sem se perder no caminho.
Oh oh oh… cuida de ti antes de encher o saco dos outros.
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