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“Milagre na Cela 7”: um carrossel de 1001 emoções

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Milagre na Cela 7, o novo filme turco que chegou à Netflix conquistando um grande público, é um daqueles dramas feitos para arrancar lágrimas até dos mais resistentes. Conta a história de Memo (Aras Bulut Iynemli), um pai que sofre de deficiência cognitiva que o faz permanecer na idade mental da filha. No decorrer do filme, é condenado injustamente à pena de morte, a produção é um remake de uma aclamada produção sul-coreana de 2013. Mas ao contrário da sua versão original, que se encaixava num género de drama e comédia, o filme turco baseia-se muito mais no fator emocional do que em risadas.


Um carrossel de emoções

Esta não é uma história própria para cardíacos. Desde o primeiro minuto que entramos num carrossel de emoções continuo, que nos faz sorrir e chorar ao mesmo tempo, e mesmo assim vale a pena.

Milagre na Cela 7 consegue captar, simultaneamente, o melhor e o pior do ser humano. Por um lado, o elo entre pai e a filha, o amor que os une e as amizades que acabam por nascer na prisão parecem ser capazes de salvar tudo. Por outro, a raiva e a necessidade de culpar alguém, que acabam por cegar o tenente, parecem fazer-nos refletir sobre questões éticas e questionar até que ponto, poderá ir o abuso de poder. Com sensibilidade, o filme turco usa o amor entre pai e filha para contar uma história sobre culpa, pecados e perdões.

Um dos relacionamentos mais valorizados e estimados são aqueles que partilhamos com os nossos pais ou filhos; neste caso, particularmente entre pai e filha. Parece que existe algo único nessa ligação e que é sentida por muitos, a inspiração sensível de como comunicar, na inocência, e pelo olhar de uma criança no mundo que a rodeia.

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Celile Toyon Uysal, Aras Bulut Iynemli e Nisa Sofiya Aksongur em “Milagre na Cela 7”

Na maior parte das vezes, e quando as palavras não chegam para expressar esse tipo de amor incondicional, torna-se mais fácil recorrer a ações para fortalecer o vínculo dessa relação. A ligação entre os dois é bastante forte e genuína, já que a mãe de Ova morreu quando a menina nasceu. Apesar de Ova ser ridicularizada na escola pela deficiência do pai, os dois ultrapassam qualquer barreira, com humor e “compaixão inocente” sem dificuldades, oferecem-nos o exemplo de que as opiniões alheias não têm impacto neles.

Apesar de alguns afirmarem que as personagens acabam por se tornar numa caricatura, a verdade é que a interpretação de Aras Bulut Iynemli e dos restantes atores não tem deixado ninguém indiferente. Pelo contrário, são essas mesmas interpretações que fazem com que os espectadores se sintam identificados e criem afinidade com a história.

Esta obra cinematográfica, além de contar de forma sensível e emocionante a história de Memo e Ova, foca-se também na capacidade de superação, de aceitação da diferença e na capacidade de ouvir aqueles que, logo à partida, damos como pouco credíveis. Uns bons 120 minutos de reflexão sobre a condição da vida Humana, a força do amor e da bondade, mas também sobre o poder daqueles que, não o sabendo usar, tornam-se no pior dos seres humanos. Uma história emocionante que nos deixa a sensação de que vale a pena apreciar o que de melhor tem o cinema.

A bondade prevalece

Apesar de nos transmitir 1001 emoções, esta história mantém-nos agarrados ao ecrã e desesperados por saber qual a próxima reviravolta. Aos poucos, o título do filme vai-se tornando fiel a si mesmo. Acontece realmente um milagre na cela número 7, onde a compaixão e a misericórdia surgem, valores tão elevados e nobres que também o ser humano poderia fazer deles um hábito no seu dia a dia. Ao mesmo tempo que ficamos presos a questões éticas, o filme também destaca o poder do amor, a influência de atos de bondade e a descoberta do bem mesmo nos piores momentos.

Acontece realmente um milagre na cela número 7, onde a compaixão e a misericórdia surgem, valores tão elevados e nobres que também o ser humano poderia fazer deles um hábito no seu dia a dia.

A maior conquista de Milagre na Cela 7 é captar a bondade e amor que prevalecem durante um acontecimento terrível, sem perder a sensibilidade nos momentos dramáticos.

As razões pelas quais o filme nos leva às lágrimas são simples: a transição entre a vida dificultada de Memo na prisão para a eventual compaixão dos companheiros de cela que se tornam nos seus melhores amigos, o protegem e se inspiram na sua bondade como uma única fonte o “amor”. E é neste amor, que nos inspira, e nos faz ansiar pela união dos dois, pai e filha.

A naturalidade com que os atores interpretam as suas personagens sem recorrer a exageros é o que nos faz criar tanta empatia com a história, já que, em tempos difíceis, nunca é demais dar destaque à sensibilidade e ao lado bom do ser humano.

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