O que não aparece nas fotos de Natal pesa mais do que parece
O Natal costuma ser apresentado como a época mais mágica do ano. As fotografias espalham-se pelas redes sociais: famílias sorridentes, mesas fartas, casas decoradas com perfeição, reencontros emocionantes e presentes cuidadosamente embalados.
Porém, há um lado do Natal que não se publica nas redes: Um lado real, humano, silencioso e que merece ser reconhecido. Muitas pessoas vivem dezembro com um aperto no peito. A ausência de quem já partiu torna-se mais evidente. Os conflitos familiares surgem à mesa do jantar. A solidão parece gritar mais alto, mesmo em casas cheias. As dificuldades financeiras trazem peso às escolhas.

E, às vezes, a tristeza chega sem explicação, apenas porque o coração não acompanha o brilho das luzes. As redes sociais podem intensificar esta sensação de desconexão. A comparação constante leva-nos a acreditar que estamos a falhar. Que, se os outros exibem felicidade, algo deve estar errado connosco.
A solidão parece gritar mais alto, mesmo em casas cheias.
Mas a verdade é simples, o que vemos online é apenas um recorte do melhor momento dos outros, nunca a história completa. Por trás do cenário perfeito, há quem esteja a:
- lidar com luto e saudade;
- atravessar ruturas familiares ou amorosas;
- viver ansiedade por ter de parecer bem;
- tentar manter tradições que deixaram de fazer sentido;
- esconder o próprio sofrimento para “não estragar o Natal”.
E nada disto significa fraqueza. Significa que somos humanos. Permitir um Natal mais autêntico, reconhecer que o Natal pode ser difícil já é, em si, um gesto de cuidado. Cada pessoa tem direito ao seu ritmo, às suas emoções e à sua própria forma de viver esta época.
Algumas formas de dar espaço ao que se sente:
- Reduzir expectativas e permitir um Natal menos “instagramável” e mais verdadeiro.
- Escolher companhia que acolha em vez de relações que ferem.
- Criar novos rituais que façam sentido hoje, não apenas repetir o que dói.
- Pedir ajuda quando o emocional pesa mais do que se consegue carregar sozinho.
O Natal pode continuar a ser mágico mas uma magia diferente: a de sermos gentis connosco, mesmo quando por dentro não há fogos de artifício.
Se este dezembro estiver a ser difícil para si, lembre-se: não está sozinho(a). Há sempre pessoas e profissionais dispostos a escutar. E, mesmo que não apareça nas redes, o seu Natal também merece ser respeitado.
Com carinho,
Rosa Basto
Referências Bibliográficas:
American Psychological Association. (2022). Stress in America: Coping with holiday expectations. APA.
Chou, H. T. G., & Edge, N. (2012). “They are happier and having better lives than I am”: The impact of using Facebook on perceptions of others’ lives. Cyberpsychology, Behavior, and Social Networking, 15(2), 117–121. https://doi.org/10.1089/cyber.2011.0358
Nesi, J., & Prinstein, M. J. (2015). Using social media for social comparison and feedback‐seeking: Gender and popularity moderate associations with depressive symptoms. Journal of Abnormal Child Psychology, 43(8), 1427–1438.
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