O seu filho refugia-se em si mesmo evitando o diálogo e isolando-se?
Ao longo da minha prática profissional tenho-me deparado com situações para com as quais as crianças e adolescentes não têm conseguido lidar dentro do contexto escolar.
Por conseguinte, a escola apresenta-se à criança como uma fonte inesgotável de benefícios psicoafectivos, fundamentais no seu desenvolvimento, permitindo-lhes cultivar o saber, o respeito pelo outro, a cedência do seu papel em função do outro, tão fundamental para a criança perceber que passa a agir não só em seu proveito, mas também em prol dos outros.
Contudo, nem sempre é tão linear e, por vezes, a criança torna-se egocêntrica desrespeitando tudo e todos, adotando uma postura algo conflituosa para com os mais fracos, sendo que, muitos se aliam para não serem alvos de discriminação e violência. Estes aspetos, poderão surgir pela diferença de etnia, pela maneira como a criança vai vestida, pelos seus gostos e interesses, pela sua classe social, pelo seu aspeto físico, entre outros.
A esta ação discriminatória e violenta dá-se o nome de bullying, que apesar de não ser novo nas escolas portuguesas só agora se começa a dar a profunda atenção, já que, o impacto das múltiplas e complexas mudanças sociológicas, tem assumido proporções preocupantes, pois todos querem assumir um protagonismo, uma liderança, tendo que, demarcar o seu território junto dos mais frágeis.
A criança ou adolescente alvo de bullying é continuadamente intimidada psicológica ou fisicamente, tornando-se presa de uma situação que não provocou, apenas por ter alguma caraterística que não é do agrado do agressor ou do grupo de agressores.
A atenção de todos os que lidam com a criança é fundamental na deteção de algo anormal no seu quotidiano, estando atento a algumas situações básicas tais como: se come bem, se dorme tranquilamente, se gosta de ir para a escola, se anda mais inquieto e desatento ou se revela sinais de agressividade ou de submissão.
Após a sua deteção, os pais, educadores ou cuidadores deverão aconselhar a criança a ignorar as alcunhas e as intimidações morais e ajudando-a a promover amizades com colegas não agressivos, evitando os locais da escola que sejam de risco (por estarem mais isolados), sempre que necessário.
Por vezes, o impacto é de extrema violência e a criança refugia-se nela mesma, evitando o diálogo e isolando-se continuamente, pois sente-se confusa e ao mesmo tempo sem confiança nas suas capacidades, culpabilizando-se por uma situação da qual a sua responsabilidade é nula. Nestas situações, urge procurar um acompanhamento psicológico, que a apoiará na promoção da sua autoestima e autoconfiança.
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